Felicidade e Gratidão
Artigo publicado no site da ASSEMPERJ em 25/04/2017
“Não tenho que perseguir momentos extraordinários para encontrar a felicidade. Está bem na minha frente se presto atenção e pratico a gratidão” (Brené Brown)
Mês passado, dia 20/03, celebramos o Dia Internacional da Felicidade, instituído pela ONU em 2012. Aproveito a data para tecer algumas reflexões sobre o tema. Temos vivido em constante e incessante busca da felicidade, e não tem nada de errado com isso, a questão é que, para muitos, essa busca está relacionada ao ter: ter sucesso profissional, ter dinheiro, ter bens. Tenho me deparado com pessoas que têm tudo isso, mas relatam um vazio existencial, uma solidão absoluta, suas vidas não têm sentido algum. Vejo-me, então, frente a questões relacionadas ao SER. E me pergunto: quando foi que deixamos de lado nossa essência nesse caminho em busca da felicidade?
Vivemos numa época de individualismo e desconexão (apesar de estarmos todo o tempo “conectados”); faz bastante tempo nos afastamos da Natureza e deixamos de lado a Gratidão. Todo mundo quer ser feliz, o problema é que invertemos a equação: é comum pensarmos “se você é feliz, você é grato”, mas a verdade é que a gratidão é que nos faz felizes.
O que é a gratidão? Do latim “grátis”, a gratidão é a emoção que nos permite dar graças à vida sem esperar nada em troca. É a capacidade de acordar de manhã, respirar e agradecer pelo ar e pela água, pela comida e por todos os momentos da nossa vida. Essa é a gratidão, agradecer gratuitamente à vida por tudo o que ela nos dá de presente.
Existem pessoas que aparentemente têm tudo para serem felizes, mas não o são, assim como existem aqueles que passam por várias adversidades, adversidades pelas quais nós próprios não gostaríamos de passar, e ainda assim, são profundamente felizes. Isso pode parecer surpreendente para alguns, mas a verdade é que a chave está na capacidade de sermos gratos.
Cultivar a gratidão é algo surpreendente, pois ela se conecta com a alegria! Quando deixamos de ser capazes de receber os infinitos presentes da vida, a alegria tende a desaparecer, porque não há nada para celebrar. À medida que cultivamos a gratidão, começamos a ter um prazer pelo cotidiano, pela nossa existência. Mas o comum tem sido viver na escassez. Na nossa sociedade, tudo tem um preço, mas nada tem valor, e isso gera insatisfação.
Temos visto o Universo como um lugar cheio de recursos e matérias-primas a serem exploradas por nós, estamos no controle da Natureza e isso impede a nossa relação de gratidão com o todo maior de que somos parte. Nessa perspectiva, vivendo a partir da soberba, por que sentiríamos gratidão ao mar ou às florestas? Mas se saímos dessa posição de controle, recuperamos o encantamento e a conexão com o Universo.
Convido você a parar um minuto e dar-se conta do que realmente importa. Algo nos é dado (é então um presente) e é algo realmente valioso para cada um de nós. Você não o comprou, nem fez por merecer, você não trocou por nada, nem trabalhou por isso, simplesmente esse algo foi dado a você. A questão é que temos passado pela vida com pressa, não paramos para esse dar-se conta e, dessa forma, perdemos a oportunidade de enxergar o presente que é acordar todos os dias, abrir os olhos, respirar.
Quando somos gratos, agimos com um senso de suficiência e não de escassez. Então, faço aqui um convite: que tal invertermos a equação? Afinal de contas, quanto mais gratos, mais felizes também!
JULIANA SENTO-SÉ BORGES
Psicóloga, Terapeuta de Família e Coach Ontológico.
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